Tether aumenta empréstimos de stablecoin USDT e acende alerta no mercado cripto

Reportagem publicada pelo WST diz que cenário é arriscado, pois a empresa não tem garantias de que esses empréstimos serão pagos pelos credores

Lucas Gabriel Marins

(Unsplash/Drawkit)

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A Tether, emissora da stablecoin USDT, vem emprestando cada vez mais sua própria criptomoeda para clientes, o que aumenta os riscos de a empresa não ser líquida o suficiente para pagar resgates em meio a uma possível crise. A informação foi publicada pelo The Wall Street Journal na quinta-feira (1°).

De acordo com o jornal, no último relatório trimestral financeiro da emissora, divulgado em setembro, a empresa cripto disse que emprestou US$ 6,1 bilhões, ou 9% dos ativos totais. No final de 2021, no entanto, foram apenas US$ 4,1 bilhões, ou 5% do total de ativos.

A empresa, ainda segundo o jornal, não tem como garantir que esses empréstimos serão pagos pelos credores, o que poderia gerar uma corrida de saques.

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Um porta-voz da Tether disse para o jornal que os empréstimos são “supercolateralizados” e garantidos por “ativos extremamente líquidos”. A companhia, conhecida no mercado cripto pela falta de transparência com suas reservas, não revelou quem são os tomadores.

Essas garantias, no entanto, podem ter sido comprometidas com a recente crise no mercado gerada pelo colpaso da exchange FTX, que derrubou os preços das criptomoedas, citou o jornal. O Bitcoin (BTC) caiu 70% neste ano.

Ainda segundo o The Wall Street Journal, os empréstimos de USDT, por serem denominados na stablecoin, flutuam conforme a oscilação do preço. Portanto, se o valor do ativo digital perder a paridade de 1:1 com o dólar americano, isso poderia ser um problema, visto que uma descorrelação poderia afetar as reservas da empresa para lidar com pedidos de resgates.

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Nos último relatórios de reservas, segundo o jornal, a Tether disse que tinha US$ 68,06 bilhões em ativos e US$ 67,81 bilhões em passivos totais. Portanto, o capital de reserva atual é de apenas US$ 250 milhões, que poderia ser facilmente consumido no caso da queda do valor do token.

Vale lembrar que em maio deste ano, em meio à queda do ecossistema Terra, o USDT perdeu sua indexação com a moeda norte-americana por um momento e foi negociado a US$ 0,97.

Equívoco

Em nota, a Tether disse para o InfoMoney que a reportagem do WSJ cometeu um equivoco ao dizer que os empréstidos eram denominados em USDT e que estariam expostos ao declínio do valor da moeda.  A firma cripto disse ainda que os empréstimos são “extremamente supercolateralizados” e até “mesmo retrocedidos pelo patrimônio adicional da Tether, se necessário.”

Falou ainda que o “patrimônio está agora crescendo rapidamente, de modo que 82,45% do total das reservas de Tether estão em tesouros americanos e outros equivalentes de caixa, cujos rendimentos estão em níveis máximos de vários anos.”

Por fim, a emissora de stablecoins também disse que uma queda no preço do USDT seria irrelevante, uma vez que isso “refletiria apenas o valor da exchange e não o valor de resgate para as garantias subjacentes”.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney