Dinheiro é a principal causa de estresse no Brasil, mas 48% acreditam ter boa saúde financeira

Pesquisa elaborada pela BlackRock revela ainda que 53% dos entrevistados disseram poupar para o futuro, bem abaixo da média global

Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – Dinheiro é a principal causa de estresse no Brasil, ainda que a população tenha uma visão positiva sobre o seu nível de bem-estar de forma geral. Mesmo com o aumento das discussões sobre a reforma do sistema previdenciário do país, há ainda um maior foco em objetivos de curto prazo, com baixo índice de poupança para o futuro, e a maioria dos chamados “millennials” brasileiros sequer sabe onde procurar conselhos financeiros para começar a investir.

Essas são algumas das conclusões da sexta edição da pesquisa anual “Global Investor Pulse”, elaborada pela BlackRock para tentar entender a relação entre a saúde financeira das pessoas e seu bem-estar.

“Perguntamos aos participantes da pesquisa como eles se sentem sobre seu futuro financeiro e pedimos para que eles pensassem nas barreiras e nos motivadores para investir. Nós examinamos se o dinheiro realmente pode tornar as pessoas mais felizes e pedimos a sua opinião sobre o setor financeiro e as informações e tecnologias à sua disposição”, destacou o banco, em relatório sobre o estudo.

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Dentre as principais descobertas feitas, a BlackRock revelou que o dinheiro é a principal causa de estresse no Brasil, com 58% das respostas, seguido bem de perto por trabalho (57%) e com a família em terceiro lugar (35%).

Ainda que dinheiro e trabalho preocupem, os brasileiros mostram otimismo, ao registrarem alto nível de bem-estar (78%), superando todos os mercados globalmente (61%). “O bem-estar possui diferentes aspectos, como a saúde, segurança, família e muitas outras coisas. Diferentemente de outros povos, os brasileiros definem bem-estar como ter boa saúde mental e física e poder ajudar os outros, na frente de prioridades como atingir suas metas e se sentir seguro”, explicou o banco.

Mesmo com o indicador geral positivo, apenas 48% dos brasileiros disseram acreditar ter uma boa saúde financeira. O resultado não é, contudo, pouco expressivo, se comparado com outros países, ao responder pela terceira posição no levantamento. O México lidera o otimismo, com 53% das pessoas considerando-se financeiramente saudáveis, seguido pela China, com 51%. A média global corresponde a 42%.

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Aposentadoria

Em tempos de mais discussões sobre o futuro financeiro dos brasileiros, diante da tramitação da reforma da Previdência, o estudo indica que a preparação para a aposentadoria continua sendo um motivo de preocupação, ainda que a população não tenha feito sua parte.

Prova disso é o maior foco em metas financeiras de curto prazo do que em aposentadoria, com 61% dos brasileiros colocando como objetivo ter mais dinheiro para melhorar a sua qualidade de vida. Um total de 53% dos entrevistados disse poupar hoje para o futuro, bem abaixo da média global, de 63%, e também do resultado da pesquisa brasileira de 2017 (65%).

Segundo a BlackRock, as pessoas nem sempre estão cientes nem aproveitam os incentivos que podem ser oferecidos tanto pelo governo quanto por seus empregadores. E destaca que dados da pesquisa dos EUA em 2018 mostram que 24% dos que economizam hoje para a aposentadoria começaram por causa de uma equiparação do empregador, o que poderia ser um caminho também no Brasil.

Más escolhas

Mesmo admitindo preocupação com a aposentadoria, os brasileiros seguem fazendo escolhas erradas no que tange aos seus investimentos. Uma parcela de 62% ainda aplica na poupança e em outros investimentos básicos similares.

“Os brasileiros se identificam mais com economizar do que com investir. Tanto que menos da metade investe no mercado. Muitos ainda investem em ativos reais, como imóveis, o que é visto como um meio mais seguro de aplicar o dinheiro”, afirmou a BlackRock, ressalvando que o número de brasileiros investindo em diferentes moedas e ativos aumentou quando comparado com os resultados do ano anterior.

Geração Y

Com um recorte na geração Y, conceito que costuma abranger pessoas nascidas do início da década de 1980 até o fim da década de 1990, o estudo mostrou que os mais jovens ainda precisam de ajuda para dar o primeiro passo no mercado financeiro. Isso porque 87% dos millennials brasileiros acreditam que sua perspectiva financeira melhoraria se começassem a investir, mas 57% não sabem onde procurar conselhos.

Em termos globais, os principais objetivos dessa geração são ganhar mais dinheiro para melhorar sua qualidade de vida (com 53% das respostas), tirar boas férias (44%) e bancar os filhos (37%). A preocupação em garantir a manutenção do padrão de vida na aposentadoria só aparece em quarto lugar, com 33% das escolhas.

Tecnologia como aliada

Um dos fatores que poderá ajudar as pessoas a investirem mais é a tecnologia. A pesquisa revelou que, para 87% dos entrevistados, novas tecnologias os ajudariam a se envolver mais com investimentos. Três a cada cinco investidores recorrem a sites para obter informações. No Brasil, 16% administram seu dinheiro completamente via meios tecnológicos e mais da metade (56%) usa tecnologia e interação humana da mesma forma.

A pesquisa da BlackRock foi feita com base nas respostas de 24.682 pessoas em 13 mercados internacionais, dos quais 1.050 entrevistados do Brasil, com idades entre 25 e 74 anos. As entrevistas foram realizadas entre julho e agosto de 2018 e, em mercados de mais baixa presença de internet, como o Brasil, as amostras tendem para um perfil mais instruído, urbano e de maior renda e riqueza do que a população em geral.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.