Robôs deixarão mais homens desempregados que mulheres, diz estudo

Evento do MIT Sloan discutiu o futuro do trabalho e os impactos da tecnologia para os profissionais; em geral, os salários devem cair

Giovanna Sutto

Robôs vão tirar empregos de humanos

Publicidade

SÃO PAULO – A chegada da tecnologia robotizada no mercado de trabalho já é chamada de quarta revolução industrial. Isso não é novidade, nem a primeira vez que a sociedade enfrenta um desafio como esse – e na verdade faz sentido essa transição acontecer. Foi o que afirmou Gustavo Pierini, membro do conselho do escritório do MIT Sloan School of Management para a América Latina, em um evento organizado pela instituição.   

“Por que você substituiria um ser humano por uma máquina? Simplesmente porque você tem um aumento na produtividade, caso contrário não faria sentido”, disse o executivo em sua palestra.  

Segundo ele, o aumento de produtividade pode causar demissões, mas também permite renda extra para gastar em outros produtos e serviços – ao economizar os custos que se tinha com humanos. E aqueles profissionais que foram substituídos por máquinas podem ser redirecionados para satisfazerem novos desejos, criando ofertas diferentes de produtos e serviços.  

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Como exemplo desses novos desejos podemos pensar na indústria de pets. Hoje cada vez mais as pessoas querem oferecer o melhor para o seu cachorro. Ou a indústria de estética dental: as pessoas hoje gastam muito mais com isso”, comenta o professor. 

Inteligência artificial busca padrões: homem será mais afetado que mulher  

O paradoxo de Moravec diz: “para a inteligência artificial, as coisas difíceis são fáceis e as coisas fáceis são difíceis”. Ou seja, para os humanos, algoritmos e cálculos tendem a ser complexos, mas outras capacidades subjetivas, como sentir, também influenciaram a trajetória da evolução até aqui – e isso as máquinas são incapazes de recriar.  

“Os robôs executam muito bem o que chamamos de ‘narrow frames’, ou seja, coisas com definições finitas. Mas tudo que é abstrato e subjetivo, a máquina não reconhece”, diz Pierini.   

Continua depois da publicidade

O especialista afirma também que, nesse processo, o profissional do sexo masculino pode ficar em desvantagem. “A inteligência artificial é boa com padrões simples e diretos. Esse tipo de função é tipicamente desempenhada por profissionais homens – o que está gerando uma queda no nível de empregos para o gênero. Por outro lado, trabalhos desempenhados geralmente por mulheres estão crescendo”, afirma Pierini.  

Ele se baseou em um estudo do Instituto Nacional de Estatísticas Britânico que mostra que, entre 1996 e 2016, houve um aumento na força de trabalho feminina (cerca de 67% para cerca de 73%) e uma queda na força de trabalho masculina (cerca de 85% para cerca de 83%) – embora a empregabilidade feminina ainda seja menor. 

Criação de mais empregos de baixa renda  

Pierini explica que, no momento atual, se vê uma intensa criação de empregos (globalmente), mas não acontece uma inflação dos valores pagos em nível agregado, pelo menos não de acordo com o esperado.  

Ele apresentou um estudo da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos que mostra que os setores que estão criando mais empregos são os que oferecem vagas de baixa renda.

Por exemplo, entre 2010 e 2017, cerca de 2.500 postos de trabalho foram criados no setor de restaurantes, serviços de alimentos e bares. Mais de 2.100 vagas foram criadas em serviços de suporte e serviços administrativos.  

“A destruição de empregos está acontecendo em vagas de renda média, em manufatura e finanças. Estamos vendo um esvaziamento ou o chamado hollowing out’ do segmento de renda média”, afirmou o executivo.  

Invista seu dinheiro para impulsionar sua carreira. Abra uma conta na XP – é de graça.  

 

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.